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15 de jul. de 2009

Tribunal não (re)apita jogos


Na visão dos árbitros, prova de vídeo e Justiça não tiram a autoridade e nem inibem os donos do apito


Ser árbitro de futebol não é nada fácil. O “homem de preto” é o alvo preferido dos torcedores e, de um tempo para cá, vem sofrendo também nos tribunais, seja denunciado ou vendo sua atuação ser revista pelos procuradores e auditores através de provas de vídeo, e muitas vezes vendo a marcação em determinado lance ser alterada. Fato este que tem gerado discussão e polêmica, principalmente quando o juiz adverte o jogador.


Depois dos procuradores afirmarem que as denúncias por prova de vídeo não tiram a autoridade do árbitro em campo e nem que os tribunais estão (re)apitando os jogos, foi à vez dos árbitros dizerem o que pensam sobre o assunto.


Árbitro Fifa, o paulista Sálvio Spínola Fagundes Filho prefere não polemizar mais o assunto e vê de forma distinta a atuação de juizes e tribunais. “Não entendo que os tribunais estão passando por cima da decisão do árbitro e também não é um segundo árbitro. As instituições de arbitragem e os tribunais têm suas competências e são autônomas”, declarou, para opinar em seguida. “Desde que a Fifa permitiu a utilização de vídeos para coibir indisciplina e violência, sou a favor da utilização deste recurso e não me sinto atingido como árbitro”.


Questionado sobre a “nova hierarquia”, Spínola não titubeou. “O dono do apito é o árbitro. Decidimos por 17 regras e o tribunal está interferindo apenas em uma parte da regra 12 (condutas disciplinares)”, concluiu.


Para o também árbitro Wagner Tardelli, as provas de vídeo são totalmente plausíveis, desde que seja utilizada para coibir a violência no futebol. “Sou a favor da prova de vídeo sim, desde que seja para punir os jogadores e não os árbitros”, disse o juiz em defesa da classe, que também não se sente banalizada com a atuação dos tribunais sobreposta a uma decisão do árbitro em campo. “Quando a imagem serve para ajudar a prevenir e coibir a violência, ela é sempre bem-vinda. Não acho que o tribunal está sendo um segundo árbitro. Ele está agindo de forma correta, para o bem do futebol”.


As atuações dos árbitros são sempre alvos de críticas de torcedores e imprensa, no entanto, alguns jogadores e técnicos procuram se colocar do outro lado para entender o que acontece com um juiz durante os 90 minutos.


“O árbitro está muito acuado, porque ele não tem mais o direito de errar e nem de deixar passar algo desapercebido, pois agora tem o perigo de ser punido. Outro dia mesmo vi um árbitro pegar 60 dias de suspensão”, comentou o técnico Cuca, do Flamengo, antes de exclamar: “Eu não gostaria ser árbitro de jeito nenhum!”.


Os árbitros que se cuidem, pois as câmeras estão de olho, e os tribunais também, em tudo o que acontece dentro de campo.


Fonte: Raphael Petersen - justicadesportiva.com.br

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