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29 de jul. de 2011

Mão na bola ou bola na mão?


Na sociedade futebolística, os termos “mão na bola ou bola na mão”, tem o mesmo significado. Esta incapacidade de identificar corretamente a diferença entre duas situações provoca inúmeros protestos contra os árbitros (regra 05) quando esta infração (regra 12)  é punida ou deixa de ser punida.

Podemos iniciar o assunto, dando um exemplo de um jogador que se encontra numa “barreira” e um tiro livre direto (regra 13) é lançado e a bola bate em sua mão ou braço, que neste instante estava protegendo o seu rosto. Esta situação não deve ser interpretada como mão intencional e nenhuma infração deve ser marcada. Porém se ao invés de usar sua mão ou braço para proteger o seu rosto, este jogador (regra 03) eleva sua mão acima de sua cabeça, ampliando o seu corpo com a clara intenção de interromper a trajetória da bola, esta mão intencional deve ser punida com tiro livre direto ou penal (regra 14) se jogador estiver dentro da sua área penal (grande área).

Outra situação onde o jogador age sem prudência, buscando um dano, sem cautela, é quando sai para interceptar um cruzamento com ambos os braços totalmente estendido horizontalmente, ampliando o seu corpo e a possibilidade da bola bater em sua mão ou braço. Esta situação deve ser punida com tiro livre direto ou penal se o jogador estiver dentro da sua área penal.
Toda vez que a bola bater na mão ou braço, estando este rente ao corpo do jogador ou este se encontrar de costa para o lance ou ainda num bate e rebate a bola choca-se na mão ou no braço, o árbitro não deve interpretar como mão intencional, mesmo que esta ação provoque um desvio na trajetória da bola.
Recorda-se que a mão intencional é punida com tiro livre direto ou penal, se a infração for cometida dentro da área penal. Normalmente, não será aplicada uma advertência ou uma expulsão.
No entanto, será expulso o jogador que impeça com mão intencional um gol (regra 10) ou frustre uma oportunidade manifesta de gol. Essa punição não se deve à mão intencional, mas devido a intervenção inaceitável e antiesportiva que impede marcar um gol.


Porém existem duas circunstâncias nas quais, além de ser punido com tiro livre direto contra sua equipe, o jogador será advertido quando tocar ou golpear deliberadamente a bola para evitar que o adversário a receba ou tentar marcar um gol usando sua mão ou braço.

Portanto sempre que ocorrer uma destas situações, tente visualizar se houve uma tentativa de obter uma vantagem ilícita e desta maneira saberá se o árbitro soube interpretar corretamente ou não esta situação de bola na mão ou mão na bola.

Video: Na jogada, Henry dominou a bola com a mão e tocou para Gallas marcar o gol que classificou a seleção francesa para Copa do Munda 2010 diante da Irlanda.

Obseva a clara intenção do uso da mão por parte do jogador - infração - advertência.
  
Por Valter Ferreira Mariano

25 de jul. de 2011

CURSO PARA ÁRBITROS DE FUTEBOL – SEGUNDA TURMA 2011

 EAMAR – Escola de árbitros de Marco Antônio Ribeiro, entidade pertencente à ACAF – Associação Campineira de Árbitros de Futebol, juntamente com a Liga Campineira de Futebol, de acordo com o regulamento interno, comunica que estão abertas as inscrições para a segunda turma de 2011 do Curso de Árbitros de Futebol, 25/07 a 29/08/2011.

Os interessados deverão dirigir-se à sede da *LIGA CAMPINEIRA DE FUTEBOL*, à Av. Pref. Faria Lima, 345 - Parque Itália - Campinas - SP, das 14:00h às 19:30h, juntando ao requerimento de inscrição os seguintes documentos:
1. Xerox cédula de identidade ou carteira de habilitação;
2. Uma foto 3 X 4.
O curso terá duração de quatro (4) meses, com aulas às segundas-feiras, a partir das 19:00 horas.
Os aprovados no curso poderão atuar nas partidas de futebol amador na Região Metropolitana de Campinas e no Estado de São Paulo promovido pela ASSOCIAÇÃO CAMPINEIRA DE ÁRBITROS DE FUTEBOL - ACAF, LIGA CAMPINEIRA DE FUTEBOL – LCF, LIGA REGIONAL DESPORTIVA PAULISTA – LIREDEP e FEDERAÇÃO PAULISTA DE FUTEBOL AMADOR.
Os matriculados no Curso de Árbitros de Futebol pagarão quatro (4) mensalidades no valor de R$ 25,00 (vinte cinco reais).
Início do curso: 29/08/2011 - 19h.

Informações (19) 7851-7433 - Ronnie Romanini
Mais informações pelo e-mail: colunadearbitragem@gmail.com ou ronniebr@uol.com.br
Valter Ferreira Mariano
Diretor da EAMAR        
                                                                    

Comportamento frente ao árbitro

Na sociedade futebolística são comuns os jogadores (regra 03) não respeitarem a autoridade do árbitro (regra 05) e dos árbitros assistentes (regra 06). Esta falta de respeito é claramente observada nos gestos “agressivos” e algumas frases que podem ser lidas através da leitura labial, de modo tão ofensivo, que não precisa ser perito para fazer esta leitura. O principal fator para esta conduta antidesportiva é a falta de conhecimento da Carta Magna do futebol, onde estão escritas as 17 regras do esporte bretão.
O jogador denominado capitão é a maior prova desta conduta nada esportiva em relação à arbitragem. Por sustentar este “título” crê no do direito de questionar as decisões do árbitro. Porém a regra determina que sua participação se restrinja ao sorteio (regra 08) da escolha do campo irá defender e ser o responsável pela conduta da sua equipe.

Os jogadores não sabem ou se esquecem de que as decisões do árbitro sobre fatos em relação ao jogo são definitivas (regra 05). Uma decisão do árbitro somente poderá ser modificada se ele deu conta de um equivoco ou informado do mesmo por um dos seus assistentes ou pelo quarto árbitro. Esta decisão só poderá ser modificada se a partida não tenha sido reiniciada (regra 08).

Todo o jogador, inclusive o capitão, que tomarem qualquer tipo atitude, quer com gestos ou palavra, desaprovando uma decisão da equipe de arbitragem, será advertido por conduta antidesportiva (regra 12). Agora se qualquer jogador relacionado na partida agredir o árbitro (equipe de arbitragem) ou que seja culpado de empregar linguagem ou gestos ofensivos, grosseiros e obscenos será expulso (regra12).
Infelizmente para o universo da arbitragem o comportamento dos jogadores envolve essencialmente instintos e hábitos aprendidos ao longo de sua carreira futebolística; alguns sendo genéticos e outros de natureza social e cultural.

Por Valter Ferreira Mariano
Foto: Rafael César Fernandes, Frederico Neto e Jefferson Dutra Giroto, todos árbitros da Federação Paulista de Futebol - Brasil.

21 de jul. de 2011

Bola ao chão – reinicio de partida

Vamos falar sobre uma das formas de reinicio de partida, o bola ao chão.

Hoje com a atualização da Carta Magna do Futebol (livro de regras), a bola ao chão pode ser encontrada no texto da regra 08 – inicio e reinicio de jogo e na regra 12 – faltas e incorreções.
O texto diz que qualquer jogador poderá disputar o bola ao chão, inclusive o goleiro, não há um número mínimo ou máximo de jogadores (regra 03) que possam disputar o bola ao chão.
Sendo assim o árbitro (regra 05) não poderá decidir quem e quantos jogadores poderão participar desta forma de reinicio de partida.
Procedimento
Para realizar o bola ao chão o árbitro deixará cair à bola no local onde a mesma se encontrava quando o jogo foi paralisado. Porém se jogo foi paralisado com a bola (regra 02) dentro da área de meta (pequena área); neste caso, o árbitro deixará cair à bola ao chão na linha da área de meta paralela à linha de meta, no ponto mais próximo do local onde a bola se encontrava quando o jogo foi paralisado.
O jogo será considerado reiniciado quando a bola tocar no solo sagrado (campo de jogo – regra 01)
Infrações / Sanções
O procedimento de bola ao chão será repetido:
• se a bola for tocada por um jogador antes de tocar no solo;
• se a bola sair do campo de jogo depois de tocar no solo, sem ter sido tocada por um jogador.
Observando o texto acima podemos afirma que não é errado executar um bola ao chão somente com um jogador, e de preferencia com o jogador da equipe que estava com a posse da bola no momento da paralisação.
Seria uma forma mais justa de observar o Fair Play (jogo limpo) e, a atitude do Kleber (Jogador) na partida entre Palmeiras x Flamengo, realizado nesta quarta feira, 20/07, no estádio do Pacaembu em São Paulo poderia simplesmente ser evitado, pois a bola seria “devolvida diretamente pelo árbitro à equipe do Flamengo” sem que este ferisse o texto da regra.
Todavia o Fair Play não é tanto uma regra, mas sim uma atitude... Uma forma de jogar.
Por Valter Ferreira Mariano
Foto enviada pelo nobre amigo Roberto Gessner Jr. - árbitro da Federação Paranaense de Futebol - Brasil


A tecnologia para saber se bola ultrapassou ou não totalmente a linha de meta (gol)

FIFA anuncia nove propostas         
FIFA e o International Board anunciaram esta quinta-feira, 21/07, ter aceitado as propostas de nove empresas europeias para a tecnologia para a linha de meta (gol – regra 10), para a primeira fase de testes feitos pelos dois organismos.

O primeiro período experimental, que foi definido no início do ano na 125.ª reunião anual do International Board, no País de Gales, vai decorrer entre setembro e dezembro.

Cada uma das tecnologias será avaliada em função de vários critérios, sob luz natural e iluminação artificial.

Através de um sistema de eliminação, o período de testes vai medir o reconhecimento da tecnologia nos remates à baliza, exigindo 100 por cento de precisão, assim como verificar a assertividade estática e dinâmica, requerendo 90 por cento de exatidão na primeira fase.

Também vão ser experimentadas as formas de transmissão da informação para a equipe de arbitragem em caso de gol, através de um alarme vibratório e um sinal visual no relógio do árbitro (regra 05). Esta indicação deve ser recebida onde quer que o árbitro esteja colocado no solo sagrado (campo de jogo – regra 01).

O laboratório federal suíço de material científico e tecnológico (EMPA, na sigla inglesa) vai conduzir os testes independentes à tecnologia de linha de meta. A FIFA e o EMPA vão agora trabalhar em conjunto com as empresas candidatas para definir um calendário para a primeira fase de testes.

Os resultados vão ser apresentados através de um relatório EMPA para a reunião anual do International Board de 2012, marcada para 03 de março, em Londres. A segunda série de testes decorrerá entre março e junho de 2012.

As conclusões das duas avaliações serão então reveladas através de um relatório completo do EMPA durante uma reunião extraordinária do International Board, durante o próximo verão, quando a aplicação da tecnologia da linha de meta ao futebol será finalmente decidida.

Fonte: Site portugues Record

19 de jul. de 2011

Ética do árbitro de futebol na sua conduta

1 - O quê ético para cada um de nós?

Ética # Moral
Basicamente, moral é o que você, particularmente, julga ser certo. E ética são códigos de conduta que afirmam o que deve ser certo ou não. Nem tudo que é ético, é moral (podemos ter conduta éticas imorais), portanto, ser ético não quer dizer satisfazer a moralidade dos outros.

Atenção: o que é moral para o árbitro, pode ser imoral para sociedade futebolística. Entretanto, o árbitro deve sempre analisar se, apesar de moral para ele pode ser indiscutível para outros (nasce à ética).
Ser ético é politicamente correto, policiar-se nos atos.
A relação ética e moral são a mesma referente à de árbitro e juiz. Ambos são tomadores de decisões baseados em normas existentes, não detentores de poder para determinar penas.
2 – Ética no futebol e suas relações: A seguir, tópicos para discussão (sempre cobrado dos árbitros em relação aos outros, sem que os mesmo cobrem destes referidos):
2.1: dos árbitros em relação aos jogadores. Tópicos: Quando há amigos, conhecidos? Times em que você trabalhou diversas vezes? Rancor e simpatia? Profissionalismo? Julgamento da qualidade técnica do jogador?
2.2: dos árbitros em relação aos dirigentes. Tópicos: Quando os dirigentes procuram ser simpatizantes ou ameaçadores? Confraternizações posteriores? Agrados, presentes?
2.3: dos árbitros sem relação ao público. Tópicos: Quando é contestado ou ovacionado? Dirigentes envolvidos na arquibancada em situação de torcedores? Anônimos no alambrado? Atitudes pré ou pós-jogo?
2.4: dos árbitros em relação à imprensa em geral. Tópicos: Quando há entrevistas (saber falar)? Análises sobre seu jogo? Sobre outro jogo apitado por outro árbitro? Relacionamento, atenção, exclusividade a emissoras.
2.5: dos árbitros em relação aos próprios árbitros. Tópicos: Quando se refere a sua própria atuação (autocrítica)? Árbitro como torcedor? Comentários sobre jogos de seu companheiro de atividade? Separação de atuação do árbitro e da personalidade do mesmo? Análise crítica ou exemplo ilustrativo, educativo de jogadas e marcações?
Há corporativismo na arbitragem? É esse o grande problema do árbitro: falta de união, um tentando derrubar o outro. Não buscam novas oportunidades, mas a oportunidade do próximo.
3 – Confecção de relatórios: O que é um relato? Certamente, não é um julgamento. È um conto, uma história verídica. Sempre devemos contar histórias, nunca estórias, pois não pode existir ficção. Relatar corretamente, portanto, é exercer a ética.
Dentro de campo, o árbitro aplica as punições que ocorrem através das regras pré-estabelecidas na Carta Magna do futebol - 17 regras. Fora de campo, relata, conta os fatos, sem querer manifestar qualquer espécie de pré-julgamento ou influência de opinião.
Os julgadores serão sempre as juntas disciplinares, os comitês, a justiça desportiva. Nuca e o árbitro.
3.1 - Fazer o relatório na hora ou depois? Tópicos a discutir:
· Emoção ou razão na feitura do documento?
· Frescor dos fatos?
· Discernir com os companheiros?
Importante: Recentemente, houve um aumento no rigor das punições, devido a vigência do novo Código Esportivo. Um mau relato pode abrandar ou reforçar as penas.
3.2 – Consequências de um mau relato:
· Transparece a falta de ética do árbitro;
· Mostra a incapacidade do árbitro;
· Punições injustas;
· Comentários nada sutis a sobre sua autoridade.
3.3 - Como relatar?
· Clareza (não fazer rodeios);
· Objetividade (ir direto aos fatos);
· Racionalidade (Não deixar sentimentos influenciarem seu relato);
· Disponibilidade (disposto a escrever sem omissão);
· Imparcialidade (ser justo e coerente);
· Limpeza e apresentação (todos entendem o que você apresentou?).
Conclusões:
Ser ético é ser, acima de tudo, respeitoso. Ser árbitro, no desafio que a atividade exige, é ser acima de ético, um cidadão! Ou seja, mais do que alguém respeitador, um respeitado pelas virtudes que lhe são atribuídas para um bom desempenho de sua nobre função, o que o árbitro demonstra antes do jogo (na sua concentração), durante o jogo (nas tomadas de decisões), depois do jogo (nos relatos) e fora de campo (pessoa íntegra em todos os momentos).
Nota: Extraído do artigo escrito por Rafael Porcari – árbitro da Federação Paulista de Futebol.
Foto enviada pelo nobre amigo Roberto Gessner Jr. - árbitro da Federação Paranaense de Futebol/Brasil

15 de jul. de 2011

A morte súbita dos árbitros

As pessoas ligadas à mídia esportiva nos inúmeros programas na televisão, que também fazem parte de outros meios de comunicação, como rádios, jornais e revistas esportivas, com colunas exclusivas e grande espaço nas emissoras – todas têm algo em comum: a possibilidade de ver e rever quantas vezes necessárias um lance duvidoso para dar seu veredicto final: a crucificação ou a absolvição do juiz ou dos bandeirinhas (juiz e bandeirinhas são termos pelos quais a mídia esportiva os chama).

Estas opiniões são baseadas em cima de vários ângulos capturados pelo olho frio das diversas câmeras de televisão espalhadas em redor do solo sagrado (campo de jogo - regra 01) e até em cima dele, sustentada por um cabo de aço. Com todo este aparato tecnológico, tais pessoas não têm misericórdia, condenam à "morte" o árbitro (regra 05) ou seus árbitros assistentes (regra 06), que contam com fração de segundos e apenas um ângulo de visão para aplicar a Carta Magna do Futebol (livro de regras).
Contudo, temos dois bons exemplos de que tais pessoas, com toda esta parafernália eletrônica, vendo e revendo as imagens, ainda sim dão veredicto errado.
O primeiro exemplo vem da França, Copa do Mundo, 23/6/1998, Estádio Velódromo, Marselha, Brasil x Noruega. Próximo do fim do jogo, o árbitro Estandiar Baharmast (Estados Unidos) viu um penalti (regra 14) cometido pelo Júnior Baiano. Para seu azar, todas as câmeras oficiais e não oficiais, do tipo "câmera exclusiva", não flagraram a ação que gerou a penalidade. Consequentemente, o árbitro foi tarjado de "ladrão", pelo narrador, principalmente depois do comentário feito pelo comentarista de arbitragem. Ambos da principal emissora de televisão do Brasil.



No dia seguinte, a verdade – uma imagem feita por uma emissora que estava gravando cenas dos torcedores para um documentário a pedido da FIFA. A imagem revelou que o árbitro estava correto. Pênalti claro: Júnior Baiano agarrou e puxou o adversário dentro da área penal (regra 01). Tarde demais, a sentença já estava proferida, o árbitro estava voltando a seu país. No entanto, não houve qualquer pedido de desculpas por parte daqueles que o condenaram, ficou no esquecimento.  


 O segundo exemplo vem da Taça Libertadores, o mais importante torneio de clubes da América. Não me lembro do adversário do São Paulo, porém recordo muito bem do lance: uma reposição de bola por tiro de meta (regra 16). Executado com um chute forte do goleiro adversário, a bola chegou ao atacante completamente livre, entre ele e a linha de fundo só havia Rogério Ceni. Então vem a voz do narrador, aos gritos: "O bandeirinha está louco, está impedido, burro! este bandeirinha está mal intencionado, impedimento claro".
A partida seguiu normalmente. Em todas as participações do tal bandeirinha, voltava o comentário de "burro!". Ao se aproximar o fim do primeiro tempo (regra 07), veio o comentário: "Naquele lance do impedimento o bandeirinha estava correto, pois a bola veio de uma cobrança de tiro de meta, sendo assim não há impedimento, a regra é clara!". Mesmo reconhecendo o erro, ninguém pediu desculpas por chama-lo de "burro". Mais uma vez a sentença estava proferida.
Com estes dois exemplo pode ver o quanto a nobre função é exposta aos comentários destrutivo, sem a visão do árbitro, sem a visão do espírito do jogo. Os erros de arbitragem sempre existiram, hoje até com mais frequência por causa dos recursos tecnológicos.
Isso não é justo. É fácil sentar numa cadeira de frente a um monitor de televisão e dar opiniões – seja na imprensa esportiva falada, escrita e televisionada. Difícil é enxergar com os olhos da arbitragem.
Por Valter Ferreira Marianoo
Nota: No segundo vídeo o árbitro Estandiar Baharmast (Estados Unidos) explica e mostra o penalti cometido por Júnior Baiano.


13 de jul. de 2011

A linguagem do futebol - O juiz e seu apito.

O apito é um instrumento que serve para assinalar um significado específico numa partida de futebol.

O juiz determina, com um pequeno sopro, o início e o fim do jogo (regra 08).

Ele comunica à distância mais ou menos próxima, se a bola (regra 02) saiu, dá o assobio que serve de voz de comando para a parada ou a continuidade do jogo.
Escanteios (regra 17), faltas (regra 12), jogadas em impedimento (regra 11), cobrança de uma penalidade máxima (regra 14) ou média, são assinaladas pelo sopro que provoca um ruído estridente, um silvo cortando o ar, uma ordem de comando que pode interromper o curso normal da partida.

O apito do juiz (árbitro – regra 05) serve para por ordem no jogo. É verdade que ao ato de soprar o apito seguem-se, costumeiramente, os gestos e indicações.

O apito, com o seu código de linguagem, implica na redução das comunicações verbais entre o juiz e os jogadores (regra 03).
Não que ele exclua definitivamente o uso da palavra.

O juiz, num primeiro momento, pode preferir chamar a atenção de um jogador, advertindo-o contra suas jogadas perigosas, tentativas de machucar um adversário.

A invenção dos cartões veio ajudar a comunicação através de uma linguagem não verbal. Isso é importante, sobretudo em se tratando de jogadores que falam uma língua que o juiz desconhece.
O uso da obediência às regras do futebol (Carta Magna do Futebol) através desses meios de comunicação – o apito, os cartões e os gestos, completam o sistema de sinalização que permite a administração do jogo.

Fica desse modo, superada a barreira do desconhecimento da língua quando países de idiomas diferentes se defrontam numa partida de futebol.

É interessante esse aspecto do futebol permitindo a confluência para uma linguagem universal.

O jogo é iniciado, terminado e administrado por um sopro.

Lembra, à distância, a imagem bíblica de Deus fazendo a alma do homem através de um sopro, um gesto simples e condensado que é, ao mesmo tempo, uma representação da vida, tanto no sentido de sua concretude semiológica como no sentido das abstrações que podem se estender a outras metáforas.

Contudo, essa comparação não é apenas uma metáfora.
O juiz, num jogo, é a autoridade máxima. Mais do que isso, ele é o dono da verdade. Se ele apita para marcar um pênalti, um gol (regra 10), não importa se foi ou não foi. No que pesem todos os seus esforços para ser justo e verdadeiro, ele é, nesse momento, alguém que cria uma verdade. É a sua ordem, a sua palavra (sopro) que cria essa verdade, um estado de ser. Ora, isso o aproxima bastante de uma divindade.

A vida de todos nós depende, o tempo todo, de um sopro. Esse sopro poderá ser transformado em palavras, porém vai além e aquém das palavras.

Por David Azoubel Neto
Fonte blog Referee Tip

12 de jul. de 2011

ANAF ratifica opiniões de colunista da Globo.com sobre arbitragem

O colunista da Globo.com, Emerson Gonçalves, em seu blog denominado "Olhar crônico esportivo" traz um interessante texto cujo título é "Falando sobre arbitragem". A publicação do dia 5 de julho começa com uma história vivida pelo autor ao contar sobre experiências em uma palestra em que foi instigado a se posicionar sobre lances numa partida de futebol. O resultado, segundo o próprio, deixou a desejar.

A partir disto o texto discorre sobre o mundo da arbitragem e suas avaliações por blogueiros, jornalistas, torcedores, atletas onde um erro é clamoroso quando é contra si e torna-se acerto quando é a favor. Isto sem contar as dezenas de replays e avaliações em cima do mesmo lance, bem diferente do mundo real em que a decisão tem que ser na hora, no calor do jogo e sem chances de voltar para reavaliação.

"O árbitro vivencia tudo isso a um, dois, quatro, dez metros de distância, enquanto puxa o ar para seus pulmões, oxigenando o corpo movido a adrenalina. Melhor do que ninguém ele pode avaliar o que aconteceu. Ele pode perceber o que nós, distantes, não conseguimos", cita o colunista que ainda ressalva outro ponto importante: "Ao contrário de todo mundo que assiste, ele não tem tempo para pensar a respeito, ele tem que decidir".

São inúmeras colocações pertinentes, incluindo até o fato de que errar é humano, - o que muitas vezes não é tolerado quando o assunto é arbitragem - e interessantes sobre o olhar do panorama futebolístico bem diferentes do rotineiro. Estas são finalizadas com a seguinte avaliação por parte de Emerson Gonçalves: "Porque não tenho a mesma visão e as mesmas informações que tem o árbitro e, por isso mesmo, eu aceito as decisões da arbirtragem, gostando ou não delas", finaliza.

.A ANAF corrobora com as opiniões do colunista e aproveita para parabenizá-lo pelo texto que sai do senso comum.

Fonte: ANAF
Você pode confirir o texto completo:  Falando sobre arbitragem - Por Emerson Gonçalves
Foto: Árbitro Ronnie Brandt Romanini - Atuando na Copa Kaizer - São Paulo - Brasil.

11 de jul. de 2011

FORMATURA DO CURSO BÁSICO PARA ÁRBITROS DE FUTEBOL

06/07/2011 - FORMANDOS SERÃO DIPLOMADOS EM CURSO BASICO PARA ARBITROS MINISTRADO PELA EAMAR E LIGA CAMPINEIRA DE FUTEBOL

A EAMAR - Escola de Árbitro Marco Antonio Ribeiro, ministrou, atraves dos arbitros RONNIE BRANDT ROMANINE e VALTER FERREIRA MARIANO, denominado CURSO BASICO PARA ARBITRO de FUTEBOL.

Com o apoio da Liga Campineira de Futebol que graciosamente cedeu suas instalações, o curso teve a duração de quatro meses. Como destaque, o sexo feminino marcou presença no curso com cinco formandas que em exames teóricos e práticos atingiram com sobra a pontuação exigida para diplomação.

Para o ato solene de entrega dos certificados ficou definido que será na proxima segunda feira(18/07), ás 19:00 horas, ocasião que será servido um coquetel aos presentes.

7 de jul. de 2011

O conflito de opiniões dentro da Nobre Função.

Os árbitros (regra 05) de futebol são pessoas iguais às outras e passam por conflitos de relacionamento em todas as áreas, quer na vida pessoal como em sua área de atuação.

Dentro da Nobre Função e comum estabelecer certos grupos de amizades em separado, onde se vê certa admiração por este e certo repudio por aquele nobre companheiro. Isso é perfeitamente normal em local de trabalho, e, não seria diferente no universo da arbitragem de futebol onde o cenário de disputa por um lugar ao sol é ainda mais acirrado.
O árbitro deve entender que todo o seu conhecimento técnico e expertise não poderá ajuda-lo nestas situações de conflito. Sua capacidade emocional será amplamente necessária para sobressair destas situações. Observamos uma escala onde um dos árbitros assistentes (regra 06) não tem uma boa afinidade com o árbitro e vise versa, se levarem esta situação para dentro do solo sagrado (campo de jogo – regra 01) certamente será um desastre à atuação de ambos.
O conflito em si não é mau a ser extraído, ele gera competividade e superação, debate de novas ideias e uma maior dedicação à causa da nobre função. Neste processo, a sociedade futebolística ganha árbitros a fim de superar seus limites de ser humano e o universo da arbitragem, ganha árbitros de ponta.
Mas tem o lado sombrio gerado pelo interesse pessoal, e, este interesse leva a ruina qualquer arbitragem, isso ocorre quando há divergência de opinião e ninguém quer abaixar a guarda e surge aquele anseio de bate-pronto; “Sabia que você iria me queimar, você não respeita a opinião dos seus assistentes!”, este anseio deve ser evitado, reconhecer o erro ou pedir opinião não rebaixa ninguém, ao contrario, eleva o espirito de confiança e admiração. A humildade é rotulada pelos tolos como arauto da fraqueza, tolos, pois a humildade demostra a capacidade de aprender e extrair as coisas boas das experiências vividas e das ideias opinadas pelos companheiros.                       
Os conflitos também revelam que todos devem ter a atitude de elogiar quando o companheiro teve uma atuação exemplar. São palavras que reconhecem que você acredita no trabalho do seu companheiro, e não o coloca acima de você, pelo contrario, o iguala, aumentando o raio de confiança, respeito e honestidade dentro da equipe de arbitragem
Por Valter Ferreira Mariano

6 de jul. de 2011

Falando sobre arbitragem - Por Emerson Gonçalves

Um belo dia, como parte da palestra de um ex-árbitro e dirigente da área de uma federação, fiz um teste de arbitragem. O palestrante exibiu um vídeo com jogos de uma Copa do Mundo, que nos mostrava uma sequência de jogadas com situações que pediam uma decisão do árbitro (regra 05), desde deixar seguir até marcar falta (regra 12), mostrar ou não um cartão e qual cartão mostrar, se assim fosse o caso. Vimos cada jogada uma única vez e marcamos nossa decisão.

Depois, revimos e fizemos uma nova marcação ou mantivemos a primeira. Nem preciso lembrar que essa possibilidade não existe para o cara que está lá, no gramado, se esfalfando sob o famoso e popular sol senegalês ou embaixo de chuva ou num jogo alumiado pela maravilhosa iluminação de nossos estádios…
O resultado frustrou-me. Não lembro meu nível de acertos, mas foi baixo, a metade ou pouco mais. Não passei vergonha sozinho, pois nenhum dos meus companheiros de palestra logrou resultado muito melhor e uma boa parte conseguiu ser ainda pior que eu.
Doeu.
Meu ego, pobrezinho, ficou machucado.
Tentei apitar e me dei mal. Apitei onde não foi falta, não apitei onde foi, dei vermelho tolamente, economizei o amarelo, dei amarelo onde eu mereceria um vermelho…
Muito lamentável.
Tempos depois fiz um breve curso de arbitragem, coisas básicas. Desencanei. Aprendi coisas interessantes, revi algumas ideias, aprimorei-me. Decididamente, porém, não é fácil.
É preciso muita vivência, muita prática para apitar um jogo. E apitar um jogo de primeira ou segunda divisão, então, é mesmo coisa para poucos.
Nunca pisei num gramado com apito na boca, felizmente. Minha ânsia de jogar, quando mais novo, e meus joelhos associados a um relativo excesso de peso, quando mais erado, livraram-me desse mico.
Apitar é difícil.
Mas parece fácil.
Temos, todos nós, absoluta certeza do erro ou do acerto do juiz – o mais curioso é que o erro só acontece quando nos prejudica e o acerto só acontece quando nos favorece. Fato deveras interessante, esse, que manda pra caixa-prego todas as leis da matemática e de sua filha travessa, a estatística. O gênio que conseguir explicá-lo ganhará, tenho certeza, um Nobel de matemática ou correlato. E se não existe, que se crie.
Da mesma forma que temos nossas convicções profundas sobre os erros e acertos, temos, igualmente, inabalável fé que S.Sa. está em campo com a finalidade única e exclusiva de prejudicar nosso time. O mais curioso é que a turma do outro lado da arquibancada tem a mesma convicção com sinal trocado. Outro mistério a ser resolvido.
Isso me faz pensar, uma vez mais, na matemática e na estatística: será possível que não exista um só árbitro honesto, puro de coração e malícia ausente nos pensamentos? Puxa vida, que coisa mais incrível essa! Tem que existir, ora pílulas, nem que seja a exceção necessária à confirmação da regra sagrada do torcedor de futebol de que todo juiz é ladrão.
Temos, portanto, mais um mistério. A continuar assim vou pedir ao Dan Brown para escrever a continuação desse post, algo como um “Código Da Vinci” da arbitragem de futebol.
Enfim, a verdade é que nós, torcedores e blogueiros, cronistas, repórteres, comentaristas, locutores e outros profissionais, vemos um jogo que não é o mesmo do árbitro. Seja no sofá de casa, na cabine de transmissão, na cadeira numerada, no cimento da arquibancada, nossa visão da partida é radicalmente distinta da que tem o árbitro. Temos uma visão aérea, rica no geral, pobre no detalhe. Ótima para definir uma posição fora de jogo – o impedimento – se estivermos no alinhamento certo, sempre péssima para a definição de uma jogada mais sutil.
Estamos sentados, para começo de conversa (bom, tem uma galera que prefere ficar em pé… paciência; ficam em pé, mas ficam parados). Ou seja, não estamos correndo, não estamos com o fôlego comprometido (se estiver, corra ao médico mais próximo agora!), não estamos num movimento alucinante, cercados por outros em movimentos ainda mais alucinantes, não estamos ouvindo os sons característicos de uma partida de futebol, não ouvimos o choque de dois corpos ou duas canelas ou um pé e uma canela, não temos como aquilatar se doeu ou se é frescura ou se é mera encenação, não ouvimos e não sentimos a verdade nas palavras ou sons que a boca expele na hora de um choque, excelentes indicativos do que aconteceu, não estamos vendo os olhares trocados ou não trocados, a distância nos priva das manhas e artimanhas de marmanjos escolados na arte da dissimulação.
O árbitro vivencia tudo isso a um, dois, quatro, dez metros de distância, enquanto puxa o ar para seus pulmões, oxigenando o corpo movido a adrenalina. Melhor do que ninguém ele pode avaliar o que aconteceu. Ele pode perceber o que nós, distantes, não conseguimos.
Ao contrário de todo mundo que assiste, ele não tem tempo para pensar a respeito, ele tem que decidir.
É pá puf!
Aconteceu, decidiu.
Certo ou errado.
Entre ver, analisar, julgar, decidir, apitar, ele tem dois, três, quatro décimos de segundo.
De segundo, não de hora.
Não dá para falar “um Mississipi”.
Ele decide.
Pode ter decidido corretamente, pode não ter.
Gostemos ou não, S.Sa. é humano, passível, portanto, de errar
E foi exatamente assim que o futebol cresceu, evoluiu, tornou-se o mais importante, o maior esporte do planeta Terra, com erros reais ou supostos sendo, simplesmente, incorporados à história.
O apito, ou sua ausência, é o sinal que deflagra rajadas de críticas.
Feitas com o apoio luxuoso do olhar eletrônico (e não crônico) de 18 câmeras, maravilhosas, high tech ao extremo, com zooms poderosíssimas captando imagens impensáveis, que por sua vez são editadas e transmitidas em slow motion e, não bastasse tudo isso, o editor mantém o dedo pressionando a tecla “Replay” “Replay” “Replay” “Replay” “Replay” “Replay” “Replay” “Replay”…
Meia hora ou meio minuto depois, tanto faz, não há diferença, decretamos:
O juiz errou!
E a vida segue com o erro, suposto, de S.Sa. perpetuado, cantado vezes infinitas em prosa e verso, com rima e sem rima, com ofensa e sem ofensa. Perpetuado e multiplicado nos comentários dos blogs, nas conversas de estádio ou de botequim ou na sala, com a presença saborosa de comes e bebes.
Às vezes o erro não é suposto, é erro mesmo, mas aí, bom, aí não tem jeito: errar é humano. Quem pode a primeira pedra atirar?
Parto de alguns princípios: no decorrer de um período razoável, erros contra e a favor equivalem-se, para todo e qualquer time. Alguns, reais ou supostos, são mais candentes, são mais marcantes, são mais importantes.
Paciência.
A própria vida é assim, também, fora do futebol (dizem que há vida fora do futebol… até creio que existe, mas ainda não provaram de forma satisfatória).
Outro princípio: todos erram, inclusive você, amigo leitor e – pasme! – até eu cometo meus erros.
Ok, brincadeira, brincadeira, mas algo me diz que cometi um erro ao abordar esse tema e a partir desse ponto de vista.
Tenho por princípio, também, acreditar na honestidade das pessoas, até prova em contrário.
Enfim, o erro faz parte de nossas vidas, faz parte do esporte, faz parte do futebol. Isso não é uma defesa do erro ou um elogio do erro, é tão somente uma constatação: o erro existe.
Eu o aceito, mesmo não gostando, seja suposto ou real.
Finalmente, mais um princípio: não discuto arbitragens.
Posso até emitir uma opinião num lance ou outro, ressalvando ser somente isso: minha opinião
Porque não tenho a mesma visão e as mesmas informações que tem o árbitro e, por isso mesmo, eu aceito as decisões da arbirtragem, gostando ou não delas.
Se errou ou acertou, paciência, vida que segue.
O futebol tem coisas mais interessantes e aprazíveis para serem discutidas.
Ah, sim, gosto muito de teorias da conspiração, especialmente na literatura, no cinema e nas séries de TV. Só.
Um ótimo texto escrito pelo Emerson Gonçalves, publicado dia 05/-7/2011, no site globo.esporte.com - Olhar Crônico Esportivo
Na foto: árbitro Toninho (ACAF) tomando uma decisão no futebol amador (Copa Kaizer) em São Paulo - Brasil.