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13 de jul. de 2011

A linguagem do futebol - O juiz e seu apito.

O apito é um instrumento que serve para assinalar um significado específico numa partida de futebol.

O juiz determina, com um pequeno sopro, o início e o fim do jogo (regra 08).

Ele comunica à distância mais ou menos próxima, se a bola (regra 02) saiu, dá o assobio que serve de voz de comando para a parada ou a continuidade do jogo.
Escanteios (regra 17), faltas (regra 12), jogadas em impedimento (regra 11), cobrança de uma penalidade máxima (regra 14) ou média, são assinaladas pelo sopro que provoca um ruído estridente, um silvo cortando o ar, uma ordem de comando que pode interromper o curso normal da partida.

O apito do juiz (árbitro – regra 05) serve para por ordem no jogo. É verdade que ao ato de soprar o apito seguem-se, costumeiramente, os gestos e indicações.

O apito, com o seu código de linguagem, implica na redução das comunicações verbais entre o juiz e os jogadores (regra 03).
Não que ele exclua definitivamente o uso da palavra.

O juiz, num primeiro momento, pode preferir chamar a atenção de um jogador, advertindo-o contra suas jogadas perigosas, tentativas de machucar um adversário.

A invenção dos cartões veio ajudar a comunicação através de uma linguagem não verbal. Isso é importante, sobretudo em se tratando de jogadores que falam uma língua que o juiz desconhece.
O uso da obediência às regras do futebol (Carta Magna do Futebol) através desses meios de comunicação – o apito, os cartões e os gestos, completam o sistema de sinalização que permite a administração do jogo.

Fica desse modo, superada a barreira do desconhecimento da língua quando países de idiomas diferentes se defrontam numa partida de futebol.

É interessante esse aspecto do futebol permitindo a confluência para uma linguagem universal.

O jogo é iniciado, terminado e administrado por um sopro.

Lembra, à distância, a imagem bíblica de Deus fazendo a alma do homem através de um sopro, um gesto simples e condensado que é, ao mesmo tempo, uma representação da vida, tanto no sentido de sua concretude semiológica como no sentido das abstrações que podem se estender a outras metáforas.

Contudo, essa comparação não é apenas uma metáfora.
O juiz, num jogo, é a autoridade máxima. Mais do que isso, ele é o dono da verdade. Se ele apita para marcar um pênalti, um gol (regra 10), não importa se foi ou não foi. No que pesem todos os seus esforços para ser justo e verdadeiro, ele é, nesse momento, alguém que cria uma verdade. É a sua ordem, a sua palavra (sopro) que cria essa verdade, um estado de ser. Ora, isso o aproxima bastante de uma divindade.

A vida de todos nós depende, o tempo todo, de um sopro. Esse sopro poderá ser transformado em palavras, porém vai além e aquém das palavras.

Por David Azoubel Neto
Fonte blog Referee Tip

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