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11 de abr. de 2012

Amor ou renda extra? O que leva um jovem a optar pela carreira de árbitro de futebol?


GISELLE DUTRA

Quando um árbitro entra no gramado de um estádio de futebol, as sonoras vaias vêm à tona e os xingamentos após a primeira marcação de infração contra a equipe de coração dos torcedores presentes coloca uma dúvida na cabeça de qualquer pessoa que não é do meio esportivo:

“Por que o jovem escolhe ser árbitro de futebol?”

Saber que esses “simples” xingamentos podem virar agressões, ameaças ou perseguições não servem para inibir o jovem da opção por se tornar árbitro de futebol. Tão pouco o amadorismo e as condições precárias que algumas federações do país ainda oferecem como falta de uma boa preparação, falta de segurança, vestiários sem um mínimo de conforto, clubes que não oferecem nem água para a equipe de arbitragem, etc...

As dificuldades para um iniciante são enormes: As mensalidades nos cursos não são baratas, o prazo médio de formação durante o curso está em torno de um ano, podendo chegar aos dois anos. E ainda, algumas das federações possuem estratégias de atualização dos árbitros e suas comissões de ensino agendam reuniões ou provas para testar frequentemente os seus conhecimentos.

A preparação física ainda é o fator que deixa um maior número de bons árbitros pelo caminho, pois os índices do teste físico são bastante exigentes, mas ainda assim, todos os anos as turmas que oferecem formação sempre estão lotadas e os olhos brilhantes em busca de um futuro promissor na arbitragem!

O Árbitro de Futebol no Brasil está sempre na mira dos torcedores apaixonados e críticos do esporte mais praticado em um país com mais de 170 milhões de habitantes... Uma verdadeira paixão nacional!

Não é fácil mesmo, mas também quem disse que eles esperam facilidade?

Uma das primeiras frases que o árbitro escuta em um curso de formação é: “-Você vai errar, mas procure não errar de modo que possa interferir no resultado da partida!”.

Pois é, ele se encontra como mediador do espetáculo e no dia seguinte muitas das vezes o seu nome nem é lembrado por grande maioria que assistiu à partida... Ruim? Que nada! Muito pelo contrário, não ser lembrado é comemorado por muitos que buscam o ápice na arbitragem!

Pode soar estranho, pois muitos leigos julgam que quando a pessoa escolhe ser árbitro é porque ela quer aparecer, pois é justamente o inverso, o que ele menos quer nesse momento é aparecer, pois isso pode lhe garantir muitas e muitas outras escalas!

Parar à frente de um computador e buscar através da internet se o seu nome consta lá na escala é um hábito que o árbitro começa a cultivar desde os seus tempos de aluno, quando ele começa a ser escalado como quarto árbitro ou árbitro assistente, porém e o medo de não ser escalado? Quando o seu nome não está lá, será que é por que tem alguém contra ele, ou ele não atuou bem no jogo anterior? Pode ser isso, ou não... Pode ser também pelo simples fato de existirem muitos árbitros no quadro, o que é a grande realidade das federações do país...

Então se busca um diferencial, atuar bem, de maneira segura, com bom posicionamento em campo, sintonia entre toda a equipe escalada é fundamental, sem cometer falhas grotescas e acima de tudo ter muita postura e esta postura é cobrada em todos os momentos, seja com os colegas ou com os clubes, antes, durante ou depois dos jogos, pois ela deverá ser uma grande aliada durante todo o tempo de carreira!

Mas por que isso tudo, se além de toda a cobrança ainda não há a profissionalização da atividade pelo mundo a fora? É necessário ter uma profissão para a garantia do seu futuro, pois podem vir às lesões, os fracassos nos testes físicos ou a escassez de escalas...

Em pesquisa realizada com cento e cinquenta árbitros de futebol, foi levantada a seguinte questão: “-O que o levou a optar por ser um Árbitro de Futebol?”.

Desde jovens árbitros até os mais experientes, entre homens e mulheres, o resultado foi que 98% (noventa e oito por cento) deles responderam que era o AMOR PELO ESPORTE e apenas 2% (dois por cento) disseram que seria pelo fato de obter uma renda extra.

Pois é, eis aí o grande motivo para o jovem escolher ser árbitro de futebol e não pensem que se trata de jogadores frustrados como muitos insistem em anunciar, nada disso... Grande maioria deles até jogaram como amador, porém não tinham pretensão de se profissionalizar como jogadores de futebol, porém quando tiveram a oportunidade de participar de uma partida compondo uma equipe de arbitragem, se apaixonaram e não largaram mais a atividade! Salvo algumas exceções...

Extremante positivo o resultado da pesquisa, pois sabemos que aqueles que entram em campo para arbitrar uma partida, seja em uma pelada, treino ou jogo de profissionais, pensando apenas na taxa que lhe vai ser oferecida, não têm futuro muito promissor, pois realmente é preciso gostar de exercer esta atividade, porque se não for desta forma o árbitro está fadado ao fracasso, isto é fato!

Árbitro Central – Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, formada na Universidade Salgado de Oliveira, Mora em São Gonçalo/RJ natural de Niterói Nasceu em 20 de Outubro de 1980.

8 comentários:

José Antonio - Peçanha/MG disse...

A renda extra não é ruim, entretanto, penso na oportunidade de contribuir com o esporte e punir os falsos atletas que só querem agredir e contundir os adversários.

Silvio Barbosa - Santa Cruz do Sul/RS disse...

É muito mais q,amor não tem esplicasão.

Alexandre Santos - Aveiro - Portugal disse...

Boa Temática ?! Ás de copas (Amor) ou ás de ouros (Dinheiro) ... resta a quem manda, ver quem anda nisto por part-time e por Amor ao Dinheiro !!! Há bases fundamentais que (o olho que tudo deve ver )não deve descartar de forma garantir o futuro da Causa da Arbitragem !!!

Isabel Pereira - Mora em Gandra, Porto, Portugal disse...

Tem mesmo que ter muito amor pelo futebol e principalmente pela arbitragem.

Diogo Coutinho São Gonçalo/RJ disse...

"isso ainda tem muito na várzea!"

Alexandre Roberto - S.Paulo/SP disse...

Gostar de futebol.

Lisa Morais - Belo Horizonte/MG disse...

Respeito, naturalidade, aceitação – e tudo isso é fruto de pacote.

Austin Gomez - St. Louis - USA disse...

To answer your question, Valter.............If a person wants to become a Referee, (due to his/her 'love-of-the-Game'), why would you not want to have "The BEST SEAT in the House (I mean, "Pitch)"???