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15 de fev. de 2012

Psicologia no universo da arbitragem de futebol.


Palestra para Seleção Brasileira de FutSal
“Você pode trazer seu apito e sua bandeira, mas se não trouxer sua coragem e sua força, é bom ficar em casa” (Kelly Nutt - 1987)

O árbitro (regra 05) é o elemento imprescindível e fundamental numa partida (regra 07), sem ele não é possível realizar um jogo, uma vez que ele é aquele que regula e aplica as condutas e regras.

No esporte cada um tem sua função, aos atletas cabe buscar a vitória e impedir que o adversário o faça e ao árbitro cabe contribuir para a evolução do jogo, intervindo o mínimo possível, só devendo fazer quando houver infrações técnicas, pessoais e disciplinares (regra  12), evitando tornar-se o foco da atenção, e a autoridade.

Muitas vezes arbitrar um jogo pode ser desafiante e recompensador, outras vezes pode fazer com que o árbitro se sinta frustrado e até injustiçado. Por isso o árbitro deve aprender a lidar com as alegrias e tristezas que sua função pode acarretar. Quando falamos de competições o assunto envolve emoção e paixão e, nesse contexto, nenhum erro é aceitável, se algo não ocorre do modo esperado todos culpam prontamente a arbitragem, em contrapartida, quando o jogo flui bem poucas pessoas notam a presença do árbitro.

Arbitrar um jogo significa muito mais do que simplesmente marcar faltas, significa conhecer profundamente a Carta Magna do Futebol (livro de regras) e atuar sobre elas de forma justa e com igualdade de condições: não se esqueça de que um erro pode significar frustrações e perda de confiança para quem se empenhou tanto.

Para uma arbitragem ideal é necessária além da condição física e do conhecimento das regras, capacidade psicológica adequada, entretanto, muitas vezes os fatores psicológicos são deixados de lado, as pessoas que cercam o meio esportivo acreditam que os árbitros são máquinas programadas para nunca errar, se esquecem de que eles são pessoas e com isso podem passar por dificuldades.

Poucos árbitros acabam dedicando algum tempo para desenvolver suas capacidades psicológicas, é o que separa os bons árbitros dos demais, e a somatória das diversas características: conhecimento das regras, a condição física e as competências psicológicas, ou seja, o sucesso ou insucesso dos árbitros está diretamente ligado com sua condição física e psicológica para desempenhar seu papel.

Os árbitros de alto nível têm qualidades em comum como a confiança, a comunicação, a capacidade de decisão e julgamento, a atenção, integridade entre outras, essas qualidades podem ser desenvolvidas com a prática se houver empenho máximo para que isso ocorra e, essa prática faz com que o árbitro torne-se melhor e consiga atuar com mais alegria, tirando maior prazer de sua função. (Weinberg & Richardson - 1991).

Os árbitros muitas vezes experimentam uma perturbação interior e, mesmo acabado o jogo, ficam a remoer decisões que tomou no decorrer da partida, é normal que essas dúvidas permaneçam e os árbitros devem aprender a lidar com elas. Lembre-se: “Só há um tipo de pessoa que nunca arbitra mal... é quem nunca arbitra”. (Vitor Reis - 1999).

Algumas pessoas acreditam que arbitrar um jogo é fácil, mas, correr para todos os lados com um apito na boca e concentrado pronto para parar o jogo e dizer a um atleta que ele cometeu uma violação é uma das tarefas mais difíceis no esporte. Uma boa arbitragem facilita o desenrolar do jogo e assegura que o resultado dependa unicamente das capacidades e desempenho dos jogadores, já uma má arbitragem diminui o prazer do jogo.

Para (Loher - 1983) assim como o desportista bem preparado, os árbitros devem apresentar as seguintes características: confiança pessoal, otimismo, capacidade de controle, de manter a calma sob pressão, de se concentrar no presente e determinação nas tomadas de decisão.
Em resumo, os árbitros têm quatro responsabilidades principais: (Weinberg & Richardson - 1991).

- Assegurar que o jogo decorra de acordo com as regras do esporte;
- Interferir o menos possível, sem tornar-se o foco da atenção;
- Estabelecer uma atmosfera agradável às pessoas que assistem a competição;
- Mostrar preocupação com os desportistas.

Psicóloga Melissa Voltarelli
Titulo original Psicologia no futebol


Um comentário:

Austin Gomez - Referee Soccer - St. Louis - USA disse...

AMEN to that, Valter! IMO, Most Referees SEE the Foul/No Foul / and-or Misconduct 'incident,' Most Referees RECOGNIZE this 'incident' for what it actually is, but only a Few Referees ACT/DEAL properly with this 'incident; along with its 'implications/choices'.......truly, a matter of a Referee's Character ------- The "S - R - A Factor" of psychological Officiating!