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7 de ago. de 2009

A CRIANÇA E O ÁRBITRO DE FUTEBOL


Árbitro Paulo Pereira - Portugal
O futebol é o principal esporte praticado em todo mundo. A criança quando nasce, sendo  menino, certamente receberá uma bola de presente. Esta o acompanhará para sempre, em casa, na escola, no campinho de terra batida, no clube, em qualquer outro lugar onde possa chutá-la.

A criança praticará o futebol sem nenhuma obrigatoriedade. Neste primeiro estágio ela não dá qualquer atenção ou valor à necessidade das regras, o que importa é chutar a bola.


Um segundo estágio se inicia quando a criança começa a praticar o futebol no sentido de equipe. Observando que não estão mais sós dentro de um espaço, as regras. Este ponto é claramente visto quando a criança demonstra sua competência para criar sua própria regra, se adaptando ao momento que obriga esta mudança, por exemplo: um menor número de jogadores (regra 03) ou até mesmo colocando como traves ou meta (regra 01 – campo de jogo) duas latinhas de refrigerante.


Logo podemos visualizar a chegada do terceiro estágio na vida futebolística da criança, onde sua consciência do caráter arbitrário passa para a necessidade de uma cooperação mútua entre os competidores, resultando na obrigatoriedade de respeitar as regras do jogo.


Como jogador, a criança passa ver um novo personagem: o árbitro de futebol. Para ela este homem de preto representa a lei, sem ele não há jogo, nele será depositado toda a confiança e respeito. O árbitro será visto como indispensável, infalível e incorruptível. Neste estágio a função do árbitro será de um educador, transmitindo as crianças todo seu conhecimento e desenvolvimento da noção das regras do jogo de futebol.

Também neste estágio o árbitro terá sua melhor escola de aprendizagem para ser um árbitro respeitado. Ele passará por um verdadeiro vestibular, ou seja, passará pelo crivo dos pais. Emoção e o coração estarão sempre à frente de qualquer crítica feita por um pai a um árbitro.

O árbitro ainda terá como principal função passar a criança o respeito ao fair play (jogo limpo). Impedir a violência. Exigir que nenhum adversário fosse humilhado ou abusado por razões raciais, étnicas ou religiosas. E que o futebol faz amigos.

 As crianças mais velhas, em seu último estágio, admitem que o árbitro possa equivocar-se e que suas decisões podem ser discutidas. Passando não ser o senhor único da verdade. Porém sabem que sua decisão no momento da partida deve ser amplamente respeitada e aceita.

Infelizmente para o futebol, a criança vê nos pais a principal figura relacionada com a verdade, e sendo assim, quando ela observa seu pai criticar abertamente o árbitro, ela se sente no mesmo direito. É onde nasce o vício que o árbitro será sempre o causador da sua derrota.

Por Valter Ferreira Mariano

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