Para ser um bom árbitro, não basta ser conhecedor do espírito das Leis do Jogo. É necessário que o profissional seja também uma pessoa educada e humilde, sem arrogância nem timidez, e que obedeça aos padrões da boa educação e do civismo. A partir desta consideração, o Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol elaborou o documento "Recomendação de normas de comportamento dos árbitros de futebol e de futsal", que, inclusive contém um decálogo comportamental a ser seguido pelos homens do apito lusitanos, um documento que deve andar sempre com o árbitro. Confira as orientações da FPF. 1- I NTRODUÇÃO O Futebol evoluiu consideravelmente nos últimos anos e a competitividadedas das provas aumentou. Dois elementos são indispensáveis à saúde do futebol: o nível do futebol no terreno de jogo e o comportamento dos jogadores, dos árbitros, dos treinadores e dos dirigentes. Sempre que os árbitros falham e os jogadores recorrem a simulação de faltas, lesões ou outros expedientes dilatórios, que pessoas duvidam da integridade do árbitro ou que adeptos incitam à violência e perturbam os jogos, a imagem do futebol que fica prejudicada. No âmbito de uma reflexão permanente sobre os sistemas de ensino utilizados para a formação de um Árbitro de futebol, durante os cursos de árbitros temos vindo a colocar desafios pedagógicos no sentido de desenvolver normas de comport amento. O nosso objectivo com este documento de reflexão é continuar a proporcionar um espaço de reflexão sobre normas de comportamento e dar o apito inicial para a criação de um modelo aplicável a todos os árbitros de futebol. Assim, para o conseguirmos, procuraremos reunir os conhecimentos da experiência com os da teoria científica. O que é a Moral? É o conjunto de faculdades de espírito respeitante ao plano ou foro interno e ao respeito humano. A Ética ÉTI CA é a ciência que estuda a moral e os bons costumes. É uma parte da Filosofia que trata da moral e das obrigações do Homem. Não considera o homem sozinho consigo mesmo, mas considera também os seus actos ao entrar em interacção com os que o rodeiam. Não pretendemos ser normativos nem legislar um semelhante tema. Simplesmente apresentamos elementos que ajudem a conhecer, a pensar, a medir para alcançar a meta desejada. Desejamos ter bons árbitros, nas vertentes técnica e comportamental. 2 - QUALI DADES HUMANAS E RELACIONAIS DO BOM ÁRBITRO: Personalidade É o conjunto das posições, impulsos, desejos, tendências instintivas e biológicas juntamente com todos os conhecimentos adquiridos através da vida. Aptidões Morais A honestidade é a compostura, decência e moderação, da pessoa, das suas acções e palavras. É a condição básica para aspirar converter-se num grande árbitro. Sem ela não pode haver equidade, objectividade, imparcialidade, e por fim justiça. O conjunto de aptidões morais baseadas na honestidade é o que forja a conduta ética imprescindível para cada contacto, cada relação, um qualquer momento. Consideramos que o árbitro enquanto ser humano deve ser honesto consigo mesmo, com os que dirige, com os seus companheiros, com toda a sociedade. Honesto consigo mesmo: a partir de uma sincera autocrítica, sabendo ouvir, admitindo os seus erros e tentando corrigi-los. Honesto com os que dirige: no tratamento respeitoso e na função. Na imparcialidade e serenidade necessárias para resolver problemas. Com equilíbrio no procedimento e justiça na acção. Exercício da autoridade A autoridade, não deve impor-se mas sim ganhar-se, através das aptidões pessoais de cada indivíduo. Deste modo o árbitro recebe o seu poder da própria Lei do Jogo, e obtém a sua fiabilidade através da designação, do Organismo competente. Sancionar uma falta não significa humilhar, mas sim ensinar o que se deve fazer. Avaliação e Decisão Avaliar não é meramente observar. Avaliar é entender tudo o que rodeia a acção um determinado momento. Não é olhar fixamente a bola mas sim as pernas em disputa com ela, sentir a envolvente para melhor julgar. Controle Emocional É uma aptidão essencial para julgar com equidade, sem descontrole, que costuma levar a cometer injustiças difíceis de analisar, porque o coração dominou a mente. O controle emocional deve ser um objectivo permanente de toda a actividade do árbitro em cada minuto da partida, bem como o EQUILÍ BRI O para desenvolver o verdadeiro exercício da autoridade conferida. Humildade É a virtude consistente do reconhecimento da própria dimensão; é despojar-se de actos de vaidade e de autoritarismo. Respeito O árbitro deverá saber ler o comportamento dos jogadores para poder intervir pronta e eficazmente e controlar a situação, de modo cortês e pedagógico. Conhecimento da Lei O árbitro não é um líder eleito pelos intervenientes no jogo, mas sim representante do Órgão Federativo. Por isso deve impor-se naturalmente pelo saber, pelo comportamento e pelo juízo das situações de acordo com os regulamentos. Tratamento adequado da Disciplina e da Ordem Isto não é mais do que a oportunidade de aplicação dos diferentes passos disciplinares: admoestação, advertência, expulsão. Estes três elementos representam, como as luzes de um semáforo, o verde da prevenção, o amarelo da repreensão e o vermelho da exclusão do sistema ordenado em que se deve desenvolver um encontro de futebol. O árbitro lidera legitimamente, pela lei e pela autoridade conferida e a aceitação dessa autoridade atinge-se através da credibilidade. Só desenvolvendo intensamente, com convicção os valores enunciados - latentes e comuns a si mesmo - impondo ele próprio o seu estilo pessoal, a autoridade emergirá, sadia, limpa e absolutamente credível. Tal como expressamos na introdução, não pretendemos dar receitas mágicas, nem um código normativo; daremos sim, alguns elementos, valores necessários para conseguirem uma maior credibilidade. 3 - PRINCIPIOS ÉTICOS A integridade da arbitragem reside na integridade de normas de comportamento individual de cada árbitro ou agente da arbitragem. Justiça e imparcialidade - os árbitros devem estar livres de obrigações com quaisquer outros interesses que não o do julgamento dos jogos que arbitra. As decisões influenciadas por preconceitos pessoais são desonestas e inaceitáveis. Os árbitros devem estar conscientes que qualquer coisa que possa conduzir a conflito de interesses, real ou aparente, deve ser evitado. Dignidade e cortesia - Os árbitros devem tratar os seus colegas e outros agentes desportivos com respeito, reconhecendo como imprópria a crítica pública dos mesmos. Seriedade e honestidade - Os árbitros devem procurar eliminar da actividade desportiva as práticas que desacreditam a arbitragem. Responsabilidade - De agir com rigor no desempenho das suas funções. 4 - CÓDI GO DE NORMAS DE COMPORTAMENTO I - Demonstrar respeito através de palavras e actos, para com os colegas Árbitros, Técnicos, Jogadores, Dirigentes, Médicos, Massagistas e Adeptos. I I - Recusar a intimidação e a simulação de faltas ou lesões. I I I - Defender a arbitragem e o futebol contra o racismo, a violência, a corrupção e os abusos. I V- Respeitar as Regras, as Leis do Jogo, os Regulament os, as Instruções de Fair-Play, etc. V- Aceitar as classificações com dignidade. VI - Procurar sempre os melhores desempenhos e comportamentos. VI I - Partilhar os conhecimentos de modo a desenvolver a arbitragem. VI I I - Aceitar a responsabilidade dos actos. I X- Ter consciência das consequências de uma linguagem emocional e de um comportamento negativo. X- Encorajar uma arbitragem técnica, correcta, sem incidentes e honesta. Federação Portuguesa de Futebol - Conselho de Arbitragem Fonte: Referee Tip |
Blog voltado para divulgação das 17 regras da Carta Magna do Futebol
30 de nov. de 2010
Os 10 mandamentos do árbitro português
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