Meus queridos amigos a vida é cheia de surpresas, em um momento só o fato de pensar em viver fora dos gramados, me fazia sentir “calafrios”. Mas com o passar do tempo, depois de superar varias barreiras entres elas a hipocrisia e o preconceito, me peguei trabalhando e desenvolvendo outras atividades e principalmente valorizando os estudos, objetivo que sempre ficava em segundo plano como tudo na minha vida. O primeiro era sempre o futebol, e está priori me colocava em situações de glória, mas também de muita humilhação. Afinal era jovem, sonhadora e tinha como ideal marcar meu nome na história.
Acredito que consegui de várias maneiras, primeiro tendo como foco minha formação na arbitragem, depois adquirindo respeito dos colegas de profissão e de todo meio que envolve o mundo da bola, era uma obstinação. Apesar de muitos insinuarem que perdi todo respeito conquistado quando fui à primeira árbitra a fazer um nu artístico. O que não é verdade, a vaidade e necessidade de demonstrar “poder”, utilizou de um trabalho honesto para prejudicar o outro, reflexo de uma sociedade machista, preconceituosa e hipócrita. Aceitamos políticos corruptos, mas somos incapazes de aceitar uma mulher séria, correta, competente, guerreira e corajosa em sua atividade de trabalho após ter desenvolvido outro sem demérito algum para sua profissão. Isso sem contar os critérios de avaliação aos erros que são levados em conta entre A e B, sendo que os das mulheres são hipervalorizados. Mas enfim essas situações acontecem em qualquer lugar, apenas temos que aprender e conviver com elas lamentavelmente. Ah! Detalhe a culpa é sempre do profissional.
Mas voltando, como é gratificante o reconhecimento do público, mas o principal e eterno a conquista de fãs e admiradores por este mundo a fora. Sei que muitos me querem de volta aos gramados, isso fica evidente em cada mensagem, em cada pessoa que encontro. Fico muito feliz e honrada.
No passado sempre me diziam que estava fora do foco, estranho já que dediquei uma vida a arbitragem. Passei a pensar em mim, no inicio deste ano quando por motivos de saúde não fui aprovada nas provas físicas e me vi obrigada a assistir o paulistão pela Televisão ou na arquibancada, então resolvi priorizar a faculdade, família e vida social. Confesso a todos vocês que perdi um pouco o “tesão” de atuar profissionalmente, quando olho pra trás vejo que sou realizada, pois fiz tudo que foi possível fazer na qualidade arbitra assistente feminino no futebol masculino, uma das façanhas que guardo com carinho é de ter conseguido bandeirar dois jogos da Copa Libertadores da America em 2005. Não imaginei que iria tão longe. Obrigada Sr. Armando Marques e todos aqueles que contribuíram para este feito. Então amigos, digo que agora vou concluir os estudos, valorizar os que me valorizam e encarar novos desafios. E ajudar sempre os que precisam de mim.
Arbitragem obrigada por ter me ensinado a ser mulher e principalmente que é possível ir além. Quero mais (Copa do Mundo), mas isso só será possível fora dos gramados. Acredito em ciclos, acho que o meu ciclo no futebol dentro do campo de jogo terminou, já penso em um futuro fora dele. Espero em Deus que seja tão promissor, como foi na arbitragem. Mas deixo muito claro que ainda não desisti, apenas não vou deixar as oportunidades passarem.
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